A indústria nacional realmente tem perdido participação no PIB do Brasil, no entanto ainda é o setor mais dinâmico e com maior impacto para o crescimento e desenvolvimento da economia. Segundo estimativas da FIESP para cada 0,42% de crescimento da indústria de transformação é gerado 1% de crescimento do PIB, enquanto esta relação para o setor de serviços é de 1,41% para gerar os mesmos 1% de crescimento do PIB.
A indústria tem feito um grande esforço para investir e produzir, mas o ambiente de negócios que enfrentamos não favorece os investimentos produtivos, sobretudo na indústria. Temos o Spreads mais alto do mundo, carga tributária de primeiro mundo com serviços de terceiro mundo, problemas trabalhistas, infra - estrutura defasada, mão de obra pouco qualificada, decorrente da baixa escolaridade o que inclusive dificulta a inovação tecnológica.
Além disto, temos uma economia em que se favorece a valorização do capital financeiro e um setor varejista extremamente concentrado. A compressão das margens da indústria na cadeia produtiva pelo varejo é grande e o custo financeiro come boa parte de nossos lucros que poderiam ser investidos na modernização e inovação.
Somado a isto as altas taxas de juros brasileiras atraem constantemente capitais internacionais que ao entrarem pressionam o câmbio fazendo com que fiquemos expostos à valorização cambial.
Esta combinação de ambiente de negócios inibindo investimentos em tecnologia, modernização, inovação e escala, com exposição cambial de alguns setores é perigosa e tem gerado alguma desindustrialização.
Algumas empresas começaram a se verticalizar para setores non-tradeables como, por exemplo, o comércio e serviços para ficarem menos expostas à competitividade no mercado de tradeables.
Por outro lado, a falta de apoio a investimentos, inovação e modernização tem gerado a falta de competitividade de setores intensivos em tecnologia como eletrônico e comunicação, equipamentos médico hospitalar e de automação, e do setor químico.
Sendo assim, é claro que existe um movimento mas ele não é o grosso da indústria. Temos um parque industrial diversificado e que pode e deve continuar gerando crescimento e empregos para o país, no entanto, precisamos juntar forças para pensarmos qual será a "Indústria do Futuro". Isto se torna cada vez mais emergente quando vemos a cada dia o sucesso de descobertas das reservas do pré sal e o risco envolvido de ocorrer a "doença holandesa" em nosso país destruindo um grande patrimônio nacional que é o parque industrial brasileiro.